sexta-feira, maio 30, 2008

Mais palavras

(plas)titina; tanetas (canetas); tianhos (desenhos); putóne (telefone); muiado (molhado) e tequinho (sequinho).

Viu-me

Conheceu-me e mais tarde disse que estava bonita. Como diz sempre aliás, porque ele é um querido e parece já conhecer a minha necessidade de reconhecimento (sou chata, chata). A sua meiguice já é imagem de marca na creche, onde distribui abraços às auxiliares, agora que os puxões de cabelos aos outros meninos vão sendo menos frequentes. É um doce com mau génio ocasional, o meu menino.

quinta-feira, maio 29, 2008

Photo update



Oceanário.

Já o estou a ver mais logo


A ter dificuldades em me reconhecer, e a ficar dias a fio a falar no (ca)pêuo que deixou de me cobrir os ombros.
Se outra razão não houvesse, cortar o cabelo no salão de um palácio, com um cabeleireiro vindo directamente de Paris, seria sempre uma experiência imperdível. Um cabeleireiro amoroso que, em francês, disse que era linda, que parecia uma actriz qualquer e que me estava a fazer um corte com personalidade (meio anos oitenta mas com muita classe). A imagem que o espelho me devolve confirma.

Sabem-me bem as mudanças. Há sempre uma certa nostalgia pelo cabelo que fica amontado no chão. E também um frio na barriga enquanto se diz «faça o que entender, dou-lhe liberdade criativa» (num francês macarrónico). Mas faz-me bem lembrar de vez em quando, mesmo com uma coisa pequena como um corte de cabelo, que o medo (de mudar) é o pior dos conselheiros.

segunda-feira, maio 26, 2008

Anda muito

Gozão. Muito mesmo. Finge, imita e brinca ao faz de conta. No sábado fomos converter em brinquedos os cheques prenda que vinham do Natal (pois), antes que acabasse o prazo. Do corredor cheio só quis uma coisa.
A peça que lhe faltava no seu, já grande, arsenal de limpeza. O mesmo que usa amiúde. Agarrou-o disse, é meu (inclusive à senhora da caixa) e não o largou mais. Agora, bom, bom, era a mãe deixar encher o balde com água para limpar o chão...

As segundas feiras

Custam mais. Por todos os motivos. Por mais anos que passem, nunca é bom voltar ao trabalho depois do fim-de-semana e depois de dois dias inteirinhos juntos (que correram bem) as saudades agigantam-se logo pela manhã.
É estranho sentir às vezes um cansaço tão grande que se anseia pela hora de dormir e de tudo ficar em silêncio (e isto acontece muitas vezes, confesso), e depois (no minuto a seguir) sentir saudades da voz e da energia do bebé.

sábado, maio 24, 2008

Falta de tempo

E, confesso, vontade, este espaço tem estado ao abandono. Não faltam episódios, experiências e até novidades, mas tem faltado o estímulo. Redimo-me com um flash de registos para memória futura.
1. A ida ao oceanário, um ano e pouco depois. Repete-se a novidade e o fascínio pode ser agora traduzido em palavrinhas. É de facto um lugar fascinante. Adorou a água corrente e em piscina, os peixes «gaaaangues» e outros pequeninos. Tentou senti-los quando se aproximaram do vidro e, sem dúvida, confirmou que é um lugar a revisitar sempre que possível.
2. O desfralde gradual avança a olhos vistos. Já abandonou o bacio e a sanita é visitada com frequência. Na escola também aderiu à nova rotina, embora nem sempre coincida a rotina com os seus ritmos. Noto que mesmo em relação aos chichis, ele está a cada dia mais atento. Fala em cocó e sinto que se referia ao chichi que acabou de fazer na fralda-cueca. Ou muito me engano ou chegamos ao final deste verão sem fralda.
3. No dia do meu aniversário registe-se o «tuto» (susto). Uma escultura de madeira que cai de uma prateleira, devido à bola jogada indevidamente no hall pela Inês. Chora ela e guincha ele. Aterrorizou-se. Resultado, acorda a falar nisso (caíu, muneco, lá de cima, tutou-se!) e durante um dia, enquanto os restos da dita estátua estavam em cima do ecoponto, só ia à cozinha acompanhado (por causa do «mêto»).
3.1 Ainda sobre o aniversário, encheu-me a alma ver tantos amigos a empanturrar a pizzaria do costume, para infelicidade de quem julgava ter uma tarde calma de serviço. O Lourenço apreciou particularmente o carreiro de «micas»(formigas) que percorria a janela.
4. Não diz os éles. Aliás é muito trapalhãozinho a falar. Tentamos que enrole a língua para dizer lua em vez de ua. E, incrivelmente, resultou. Diz um lua muito enrolado na perfeição.
5. À semelhança de outros meninos que conhecemos trata-nos pelo nome, especialmente o papá que virou a maioria das vezes «atónio».
6. Não pede desculpa pelas sapatadas que dá quando tem fúrias. Diz apenas «paxou? paxou?» e dá um «abaxo» muito sentido. É determinado, mas muito meigo este filho.

segunda-feira, maio 19, 2008

Mais palavras (que me fui lembrando)

Munhona (esfregona misturado com molhado); tuti (iogurte, one of my personal favorites); miácos (morangos); puta (fruta); mióia (meloa, his personal favorite, pois não gosta de a dividir com ninguém); pata-eca (fralda-cueca); miói (melhor).

sábado, maio 17, 2008

Palavras com graça (ou das coisas que se esquecem primeiro se não se escrever)

Pópóio (combóio); pupos (cubos); tatáio (contrário); ifo (livro); tieia (cadeira); tioi (aspirador); baxóia (vassoura); toutóia (tesoura); bieta (borboleta); mámeiros (bombeiros); caco (casaco); múquia (música); gangui (grande).

Muito à vontade com o caoui (calor), com o fio (frio); vaxio e cheio; em cima e atrás (em baixo é no chão, naturalmente).

Hoje foi dia não

Não podia olhar, não podia mexer, não podia ver. Não queria acordar, vá lá que quis comer, a natação foi para esquecer. Sempre a choramingar e dizer não, não, não.
Valeu o finalzinho de dia sorridente e bem disposto a cantar a Joana come a papa (nana papa, nana papa...).

quinta-feira, maio 15, 2008

2ª Feira

Anunciam-me na escola, o Lourenço e mais três colegas vão iniciar o desfralde. Nem sei o que dizer. Não o imagino sem fraldas e, de certeza, que já não vai achar graça ao deixar-se cair de rabo e rir-se muito, muito...

Agora diz

-Não (con)sigo! Não cabi!
Ou pelo contrário,
-Eu (con)sigo. Siu, Siu (que quer dizer, sou eu, sou eu a puxar os estores por exemplo).

quarta-feira, maio 14, 2008

Ontem, vendo uns bolinhos

-Qué boio.
-Não podes, já comeste três bolachas.
...
Entretanto como um e dou-lhe umas migalhinhas.
-Tu és um guloso!
-Não, não, (sou) (Lour)enxo Viéia (Vilela).

Não haja cá confusões.

segunda-feira, maio 12, 2008

Comprámos-lhe

Três cactos, pequeninos. Arranjámos-lhe nomes pouco inspirados (despenteado, punk e o tropa) e ele agora delira com eles. Há pouco disse-lhes adeus e boa noite. Como pronuncia os nomes não consigo transcrever. Mas dá vontade de rir, garanto.

Fica preocupado

Quando vê alguém usurpar propriedade alheia. Os chinelos do pai nos pés da mãe, as chaves do pai nas mãos da mãe, a prima no lugar da mãe à mesa, os ténis que de tão teen são atribuídos à Inês embora vivam nos pés da mãe, e por aí fora. Tem mesmo graça ele gostar de tudo no seu devido lugar (não sai a mim de certeza ;)).

Pois

Quem ganhou foi a cabeleireira, que trocava os vês pelos bês mais vezes do que o Lourenço (sendo que dos dois só o Lourenço tem a desculpa de ter dois anos). O pai absteve-se e eu disse: mantenha-lhe os caracóis e tire estes penachos impenteáveis aqui de lado, mais um bocadinho no comprimento. Pois a tipa foi tirando, tirando (ele não parava quieto, o que não ajuda, reconheço) até que ficou com poucos caracóis. Na verdade ficou para o curto. Eu sei que cresce, que ele é giro porque sim, não é só o cabelo que lhe dá graça. Ainda assim, tenho dificuldade em conformar-me.

O pai, esse, está todo contente com o seu rapazinho, cujos olhos assim brilham mais, etc. e tal. Cá para mim conluiou com a tipa, que para além de tudo o mais, insistia em chamar Gonçalo ao Lourenço. Humpf.

Cá em casa

Arrasta-se um conflito sem fim à vista. O pai defende um corte ao cabelo rebelde, eu defendo a manutenção ad eternum dos caracóis.
Não cedo mais do que uns milítros de aparo, em nome da saúde do cabelo. Compreensível, não?

No sitemeter

Constato que mesmo longe, outra das minhas irmãs acompanha aqui o sobrinho. Outra irmã também tão especial, pois é dela que me lembro mais na minha primeira infância. Tomava conta de mim e eu tinha (e tenho) muito orgulho nela. À época achava-a a mais bonita, impressão que se mantém. Ela é linda e mais ainda aos 42 anos que completa hoje, lá longe.

Parabéns Claúdia.

sábado, maio 10, 2008

Ando há uns dias

Para falar nisto. Tenho uma família numerosa, sabe quem me conhece. Sou a mais nova de seis irmãos (oito se contar com os irmãos da parte do meu pai). Dos seis da minha mãe contam-se cinco raparigas e um só rapaz. Isso tem consequências engraçadas e profundas marcas naquilo que sou.
Na verdade, para além da Inês, de quem falo muito por razões óbvias (foi a primeira criança depois de um hiato de mais de uma década) tenho muitos mais sobrinhos. Nomeadamente duas mais velhas, tão velhas que são próximas de mim. Não me lembro sequer, no caso da mais velha, dela nascer. Recordo apenas as brincadeiras, as férias, essas coisas que resultam do convívio senão como irmãs, no mínimo como primas, e não de tia/sobrinha. Há uns diasdescobri que tem um blogue. Mais recentemente trocámos uns comentários por causa de um post. Na verdade, não nos vemos muitas vezes, embora não haja dúvidas da profundidade do afecto, materializado em longos abraços e muitos beijos sempre que nos vemos (sempre fomos assim, nem eu nem ela somos de afugentar meiguices). E o engraçado é que é preciso ela ter um blogue para a conhecer melhor agora, mulher crescida que é. E isso deixa-me triste e contente. Triste porque acho que devíamos conhecermo-nos bem ponto, sem ecrãs pelo meio. Contente porque, no ecrã, sinto-a feliz, madura e sábia, segura do seu caminho e uma pessoa tão equilibrada como muito bem formada. Com a cabeça e, o mais importante, o coração no lugar. Se parte é mérito da minha doce irmã Sofia (minha mãe tantas vezes, ombro amigo desde que me conheço, colega de profissão por coincidência -ou talvez não) e do meu cunhado (para quem olho com um indiscritivel afecto e admiração), o principal deve-se a ela que soube trilhar o seu caminho, tantas vezes inesperado, mas seguro e autêntico.
Ela diz que nos usou como referências (a estas tias-irmãs de tão novinhas), mas talvez não saiba que também eu a vejo com a admiração de quem, com ela, tem muito a aprender.

És a maior querida M.

Ontem

Comprei-lhe um livro. Um pequeno daqueles das imagens para bebés. Achei que ia amar, especialmente porque adora «pixentes». Pois bem: adorou o presente, mas só a parte de abrir e tal. Depois mandou-me pô-lo lá «dento» e à pergunta «Gostas?» respondeu «não», acrescentando sem piedade um «não quéio». E assim foi.

* à noite reconciliou-se com o dito.

Começa a dizer coisas engraçadas.

«Essa é miói (melhor)». Gosta de escolher entre coisas.
«Já fazeu». O seu cócó ou xixi no bacio. Ainda assim não pede, o que significa que temos um longo caminho a percorrer.
Conta até dez, mas não gosta, não sei porquê, do um e do sete.
Sabe as cores em especial o «iaianja» e o «icanato».

terça-feira, maio 06, 2008

Lá está


O encanto das sarjetas*.

* antes que se choquem com a nojice, na altura nem me apercebi de quão interessado ele estava na dita (ao ponto de quase lá encostar a cara).

Acabo


De escrever um parágrafo que, espero, representa o fim de um bloqueio temporário e o início do fim deste capítulo. Posto isso escrevo estas linhas aqui e publico uma foto do meu filho feliz, em pleno voo, no seu elemento. Para me lembrar sempre das coisas que verdadeiramente importam.

segunda-feira, maio 05, 2008

Anda fascinado

Com a constatação de que existe uma peça de roupa que ele não veste: as saias. Disse-lhe que normalmente quem usa saias são as meninas e que os meninos usam calças (talças). Ele lá vai repetindo, mas não está convencido. Fiquei a pensar e não há lógica nenhuma nesta separação de facto, apenas uma tradição com umas raizes demasiado grandes para explicar a um two year old.

Tenho

Orgulho na minha sobrinha que me traz um teste quase imaculado, depois de um fim de semana de trabalho árduo. Não teve muito bom nem sei porquê pois não acertou em duas coisas claramente menores. Já o português, meu deus, não há palavras. As não vocações definem-se desde cedo: as letras não será a dela, quase de certeza. Amanhã matemática, mais estudo, muitas melhorias, a mesma cabeça no ar. Esforço-me para que se esforce e digo-lhe muitas vezes: podes-me odiar agora, mas um dia ainda me vais agradecer (a mão de ferro).

* No teste de português pede-se uma redação sobre uma pessoa de quem se gosta muito. A minha menina falou de mim :)

Ultimamente insiste

Em que as coisas estão estragadas (tá tagato). Apenas algumas estão de facto. Também se aflige quando suja alguma coisa ou se o chão está molhado (muiáto). Também já sabe usar o em cima e o atrás. O escuro e o claro. Identifica o símbolo do carro do pai e o da mãe e diz «noxo popó mamã» ou «noxo popó papá». Se alguma coisa não é encontrada, naturalmente é porque fugiu (fuziu). Conta-nos coisas que se passam ou passaram, mesmo depois de muitos dias (não se esquece do carro que se acidentou à porta da escola por azelhice a estacionar, da torneira que se partiu, por exemplo).

Ainda assim é uma linguinha de trapos.

Como todas

As mães gostam de exibir as proezas dos filhos. Não há como escapar. Queria mostrar aos amigos de sempre que ele sabe distinguir uma árvore normal de uma palmeira. Disse-lhe: como se chama esta árvore Lourenço? Blabla deixa cá continuar a regar as plantas com o copo de plástica. Não me dei por vencida, insisti: diz lá como se chama mesmo... Resposta pronta: mámeia vi-ei-a que é como quem diz (e tem graça) palmeira vilela*.

* se lhe perguntamos como se chama ele diz «enxo vi-ei-a», mau nome para quem não diz (ainda) os éles.

De um parque inteiro

Os pequenos ficaram fascinados com uma sargeta e com a água suja que corria lá em baixo.

Ele gosta

De múqia que é como quem diz musica. Gosta de cantar mas não de dançar. Da minha pouca experiência guardei a ideia de que quem toca não dança e vice versa. O que pode ser um bom prenúncio. Mas, lá está, eu sempre fui das teorias por provar e esta pode bem ser uma delas. Por enquanto agrada-me a ideia de que terá jeito para a música.

sexta-feira, maio 02, 2008

Apesar

Do Lourenço insistir que é a Inês que faz anos, ele está enganado.
Quem faz (muitos) anos hoje é o (adorado) papá! Parabéns!

Hoje

Já consigo verbalizar o sucedido sem me emocionar de imediato. Descontadas as pieguices em que sou mestra, o que se sucedeu deixou-me de rastos. Pois é, quarta-feira dia trinta esqueci-me do lanche do dia da mãe na escola. Era às quatro e meia e eu não fui. Eclipsou-se da minha memória depois de na véspera ter comentado em jeito de brincadeira com a educadora que jamais me iria perdoar se faltasse. Pois bem, faltei. E chorei de choque, raiva e culpa quando cheguei atrasada, ainda por cima, e vi as mães já de saída. Atingiu-me como um raio o meu absurdo esquecimento. Ele lá andava bem disposto a ajudar as educadoras, estranhou as minhas lágrimas claro, mas ficou contente por me ver. Por muito que me digam que ele não sentiu e que esteve sempre bem, a imagem dele sem mãe ao pé dos outros com as suas respectivas faz-me doer o coração.

Sei que há coisas mais importantes, mas a ideia de que faltei a uma coisa destas porque me esqueci e estava preocupada em acabar de ler as duas páginas finais de um artigo, para que o dia fosse um bocadinho produtivo, persegue-me.