domingo, setembro 30, 2007

Do fim de semana

1. Já podemos voltar a fazer jantares que reunam os mais jovens elementos do grupo. Reunidas as condições óptimas (boas sestas, humores razoáveis) acho que podemos mesmo esticar o serão, com excitação q.b., até cairem para o lado.
2. Há muitos anos fiz uma amiga que tinha uma filha da idade da minha sobrinha Inês (não tinha amigas com filhos nessa altura). Fizémos muita companhia uma à outra em programas infantis, férias incluídas, permitindo que também elas tecessem uma amizade que nem recordam como começou (eu lembro-me: tinham dois anos ou menos e incluiu uma peça de teatro e um gelado nas Docas). A vida não nos tem permitido estar juntas como dantes, apesar das insistentes promessas. Mas a cada encontro aquelas duas miúdas reencontram-se na sua amizade (enquanto nós actualizávamos a nossa e o Lourenço brincava com uma gata). Só espero que seja sempre assim.

sábado, setembro 29, 2007

Esta semana

O mundo voltou a fazer sentido e o quotidiano voltou quase ao normal. Trabalho primeiro, um bocadinho, e depois lazer. Depois de uma pausa inusitada para férias de verão as séries estão de volta. Para mim a felicidade pode ser descrita em meia dúzia de palavras (mais precisamente três): Heroes e Grey's Anatomy (a minha xaropada preferida, confesso).

O Lourenço

Tem a mão leve para bater (quando lhe dá as suas mini fúrias quando é contrariado) e a mão rápida para dar festinhas e abraços (assim que percebe que não se pode bater nas pessoas).

Ontem

O bebé teve direito a dormir mais tarde. Corria pela casa com a sua vassoura, a varrer as porcarias (como ele não diz, mas tenta) - ou varre ele próprio ou obriga-nos a varrer apontando persistentemente para as micro-migalhas e afins. Depois, sentámos-nos todos no chão a brincar com os cubos e os carros e também cantámos. A canção do momento é o Atira o pau ao gato. Eis se não quando nos surpreende com uma coreografia contemporânea, no ritmo, que incluia os seguintes movimentos: por-se em bicos dos pés e baixar, dar passos lentos, braços ao alto em gestos largos e mais um outro mexer de cabeça impossível de descrever. Repetimos para ver o que acontecia e voltou a fazer a dança.
No fim bateu muitas palminhas ao som das inevitáveis gargalhadas.

Criatividade precoce ou descoordenação total.

quarta-feira, setembro 26, 2007

O pequenino

Às vezes surpreende-me. A beber pelo copo (sem tampa nem palhinha) sem (se) entornar. Há dois dias julgava impossível. Mas hoje provou-me como cresce mais depressa do que a minha capacidade de o sentir crescer, bebendo sempre pelo copo e sem uma pinga na camisola. Grande Lourenço.

* Beber pelo copo é um exemplo, podia falar dele recostado na banheira com os pés de fora, como se estivesse no jacuzzi, em como de repente já não anda só, também corre, etc. Afinal, when did that happen?

Trintas

G. pergunta-me pela Inês. Respondo que está bem e a gostar da escola e que já tem namorado. Acrescento que, segundo ela, ele joga à bola e ela brinca com as amigas.
Resposta pronta: «Vai ser sempre assim. Hoje, os rapazes vêem a bola enquanto as amigas brincam aos filhos.»

segunda-feira, setembro 24, 2007

No domingo

Passado em casa a pastar a febre, o Pedro (já) fez um anito. É giro ver como passado um ano (ainda não) interagem sem ser com um certo grau de violência. Ainda assim, quando estamos juntos forçamos fotos de grupo em que um deles (ou mais como a foto demonstra) insiste em dar cabo do enquadramento, fugir e ir à sua vidinha de brincadeiras.

O pequenino(2)

Parece mais crescido de cada vez que os caracóis ficam no chão do cabeleireiro. Desta vez fita identica à das fotografias tipo passe (estava a ver que me vinha embora sem cumprir o desígnio). Mas depois lá deixou e ficou todo bonito. Não me importo de lhe cortar os caracóis, porque sei que crescem outra vez não tarda nada.

O pequenino

Teve uma febre que durou o tempo do último dente desta leva demorou a sair. Se não há relação entre as duas coisas, como muitos defendem, há de facto estranhas coincidências.

sexta-feira, setembro 21, 2007

Noto-lhe

Um interesse cada vez maior nas palavras. Aprender a falar é das etapas mais fascinantes do ser humano. E das mais queridas também. Hoje tentou dizer bem muitas vezes aaaaviiiiião.

quarta-feira, setembro 19, 2007

Coisas que valem a pena assinalar

Hoje não chorou para ficar na escola (nada como a visão da caixa das bolachas para o deixar desorientado), mas deve ter chorado depois. Ele e um tal de André chocaram de cabeça um com o outro e cairam cada um para o seu lado.

terça-feira, setembro 18, 2007

Dez



Anos de sobrinha-filha. Inacreditável(mente rápido), mas pura verdade. Continua tão linda como no dia em que nasceu, pela manhã, fazia muito calor. Com ela nascia em mim uma paixão arrebatadora que dura até hoje. Sou melhor mãe do meu bebé porque pude ensaiar muito com ela, nos meses em que a mãe ia trabalhar longe. Ela paga tudo em mimos para o Lourenço, que a elegeu como a terceira pessoa de quem mais gosta no mundo.
Dez anos: dois dígitos na idade, 5º ano a começar numa escola nova, pré-adolescente que ainda brinca ao faz de conta, caracóis para dar e vender, esperteza saloia, preguiça e desarrumação, muita ternura nos gestos. É assim a minha menina. Parabéns.

segunda-feira, setembro 17, 2007

Hoje

Fui a uma reunião de pais. Portámo-nos bem, acho eu. Não falei muito e nem perguntei muitas coisas, limitei-me a observar e a ver como eram os pais dos meninos que já vou conhecendo. O Lourenço esteve sempre connosco (foi o único) e comeu umas cinco bolachas. Durante o periodo do falatório habitual deu para perceber que sente coisas boas pela educadora e por uma das auxiliares. Descobrimos que a escola tem um «projecto» para as baratinhas tontas e os documentos que nos entregaram estão cheinhos da retórica do costume. Fosse eu outra pessoa e deixar-me-ia impressionar com tanta psicologia/pedagogia de almanaque. Ainda assim não me pareceu demasiado folclore para pai ver (que é, infelizmente, o mais habitual). Isso deixa-me bastante descansada.

domingo, setembro 16, 2007

Os bebés

Que estão prestes a nascer ajudam a manter a casa arrumada. Ainda não tive de armazenar roupas pequenas. São sempre necessárias noutro lugar. Ainda bem.

Sonhos de pai


Realizados com muito sucesso*.

* As lágrimas iniciais contrastaram em absoluto com a alegria esfusiante do meu rapaz pequeno assim que entrou dentro de água . Alegria que durou até bem depois de sair.

sexta-feira, setembro 14, 2007

A creche

Não lhe tira o apetite: ontem comeu o lanche dele e o de um outro que não quis comer.

Esta teimosia

Com as torneiras, ou com o acto de as abrir e molhar tudo, tira-me do sério. Percebo que lhe seja quase impossível resisitir, mas como o fazer perceber que não dá mesmo? Eu ralho, ele chora, já se sentou duas vezes de castigo um minuto mas, passado um bocado, mal passa por uma torneira deita-lhe logo aquele olhar e here we go again. Ó paciência...

quarta-feira, setembro 12, 2007

As saudades

Que o Lourenço tem do pai. Agora que o tem visto menos é uma graça assistir ao reencontro ao final do dia. Diz papá muitas vezes na voz mais carinhosa que sabe fazer, dá abraços com palmadinhas nas costas e faz-lhe festinhas na cara e no cabelo antes de se encostar para mais um abraço.

Como

Ainda está em fase de adaptação fui buscá-lo pelas três e pouco. Decidi tornar o dia útil, já que não dava para trabalhar em casa. Estava calor, eu não tinha o carrinho e decidi ir à conservatória pedir a 2ª via do boletim de nascimento que perdemos não sei bem aonde. Pelo caminho tiraria fotos tipo passe, as primeiras. Estava muito calor, o bebé, mesmo com a ajuda do sling, pesa e o estacionamento público mais perto era longe. Caminhámos rápido em vão. Aquilo fecha às quatro. Bolas. Façamos as fotos então. Esperámos meia hora, brincámos um pouco no pátio do deserto Palácio SottoMayor e dirigimo-nos finalmente à loja para garantir que o dia não tinha sido totalmente perdido. Pois o Lourenço não gostou do aparato, berrou que se fartou e nada o convencia de aquilo eram só umas fotografias. Estava prestes a desistir quando decidi dar uma última tentativa. Apesar dos ameaços, uma caixa com bolachas ajudou-o a passar o momento e voilá, seis pequenas fotos de gente pequena já tão grande.

Mais

Um dia de escola. Já lá dorme e bem (ou mais ou menos, terá de se habituar a mais luz e mais barulho). Come bem também. Só não sabe beber leite pela caneca nem ficar lá de manhã sem ser a chorar muito muito.

segunda-feira, setembro 10, 2007

Em conversa

A amiga brasileira, que ainda há dias estava aqui de novo e já se foi outra vez, relembra-me um episódio do qual me esqueci (como é possível?).
Dez adultos em casa, mãe na cozinha, pai no quarto a tentar salvar computador e os restantes a conviver. E o Lourenço? Pois o Lourenço estava na casa de banho, às escuras, com a torneira do bidé aberta no máximo a inundar-se a ele e ao resto da casa de banho. Não se denunciou, claro. Limitou-se a disfrutar dos breves momentos de pura felicidade não controlada.
Recordo que eram dez adultos, dez contra uma criança de ano e meio (17 meses hoje a propósito).

Agora

Que a super-empregada-a-quem-pago-o-dinheiro-mais-bem-empregue-do-mundo está de volta, apetece-me de novo convidar pessoas. Os dias outonais convidam a convidar amigos, passe a redundância. Que sejam pois para breve, muito breve, os lanches prometidos e devidos*.

* Não me saem da cabeça a visita sempre adiada da Ana Rute e as bolinhas de berlim prometidas à Filipa.

Fotos

em movimento.

Dormiu

Pela primeira vez na escola. Deixámo-lo mais uma vez a chorar horrores. Mas ao pararmos no corredor para trocar umas palavras com a educadora reparei que já não chorava. Adormeceu bem, ao que parece, e quando o pai o foi buscar brincava muito entretido. Dão-se pequenos passos e queimam-se angústias. Não tarda nada já não quer sair de lá.

Parece que às vezes

Não é capaz de evitar tentar levantar a mão quando é contrariado. Mas ao semblante fechado e ao «aiaiai» com um ar zangado responde quase sempre com uns inexplicavelmente amorosos miminhos.

quinta-feira, setembro 06, 2007

Agora que descobriu




Que os lápis escrevem no papel, alterna os ditos entre as mãos, decidindo qual lhe serve melhor.
Sem qualquer pretensão de imparcialidade, eu voto na esquerda.

Às vezes

Pergunto-me se saberei aceitar com serenidade todas as escolhas do Lourenço, independentemente de quais forem. Se saberei conviver bem com uma pauta de notas medianas na escola, por exemplo. Admito que às vezes tenho uns impulsos de querer que seja o mais esperto, o mais bonito e o melhor. Ao que for. E no fundo nem é bem isso. É um desejo de que não fique «atrás» de nenhum e que por isso sofra algum tipo de frustração. É ridículo, eu sei, mas são apenas impulsos, rapidamente sancionados por uma autocrítica feroz. Até porque não sou demasiado protectora (acho eu). Deixo-o, com um razoável grau de liberdade, fazer a sua vidinha. Descobrir como se fazem as coisas sem ir por trás substituir-me ao «coitadinho do menino».
No ano passado a minha amiga Guida dizia, e com razão, que isto de pôr crianças na escola implica que se pense (no concreto) que tipo de educação se quer para os filhos. Estes dias de iniciação têm sido de profunda (auto)reflexão. Que tipo de educação quero dar ao meu filho? Costumo dizer, meio piada, meio a sério, que ele pode ser tudo o que quiser, menos aqueles pseudo-punks muito porcos, que vivem com matilhas de cães e bebem litrosas de cerveja e acham que são artistas de circo.

Ao quarto dia

Vejo-o regressar da escola visivelmente satisfeito e nada perturbado. Parece que descobriu que há uns lavatórios pequeninos com umas torneiras iguais às de casa (que boas que eram as torneiras de enroscar). Chorou imenso quando o deixámos, claro. Mas depois passou, diz a educadora (muito doce e ternurenta, mas com deficiências ao nível do uso dos verbos - ouvia-a a dizer vistes). Brincaram todos, ao que parece, e ouviram música. Já prometi levar os cds da Palavra Cantada.
Segunda feira arriscamos a sesta.

quarta-feira, setembro 05, 2007

Vê-lo

A fazer esta passagem tão importante, deu-me vontade de o rever pequenino. Tanto tempo e tão pouco passou. (Re)descubro os seus traços actuais nas primeiras fotos. E confirmo que era mesmo giro, não eram só os meus olhos. Relembro tudo com muita saudade.

Alívio

À chegada dizem-me que ainda almoça. Peço para espreitar sem me ver, para me certificar de que está bem. Espreito e lá o vejo com a sua cara bem disposta-mas-sem-sorrir. Terá, entre tantas outras adaptações, de habituar-se a almoçar sentado em cadeiras de onde se pode levantar a qualquer momento. Imagino-o a levantar-se sempre que se lembra e a irem-no buscar para que comesse. Comeu relativamente bem, dizem-me também. Começou por rejeitar o resto, mas as fotos do cão da auxiliar no telemóvel fazem milagres, diz-me ela. Trouxeram-me ao colo e desta vez não chorou assim que me viu. Sorriu para mim e para todos. Ficou bem. Um pequenino passo, eu sei, mas um passo. Só me ocorre dizer: que alívio depois da angústia matinal de o deixar em prantos a chamar por mim.

Porque será

Que insiste em só dizer uma sílaba das palavras?

Take 3

Ao terceiro dia as lágrimas. Minhas a somar às dele enquanto me dirigia para a saída. Agora resta-me esperar pelo meio-dia para o ir (a correr) buscar.

terça-feira, setembro 04, 2007

E para que a mochila não sofresse

de solidão, a avó arranjou uma lancheira do Ruca* para lhe fazer companhia.


* O Lourenço conhece o Ruca da canção que está no site da RTP. Dança e aponta para as árvores que aparecem, mas não liga à televisão a não ser quando há música.

Há uns dias

Começou a achar graça às (minhas) malas. A querer pô-las ao ombro e a dirigir-se para a porta. Isto e mais a necessidade de levar a trouxa básica da escola levou-me ao Colombo em busca de uma mochila do Elmer, de que ele tanto gosta. Pois que a mochila do Elmer não só era cara, como pequena. Lá fui para o Continente quase sem esperança de encontrar mochilas apropriadas a garotos tão pequenos. Mas mal lá cheguei dei de caras com a mochila perfeita. Um mini-troll com desenhos da Miffy (estou a lembrar-me de outra menina que também ia gostar muito desta mochila...). Já quando chegámos de viagem o Lourenço parecia maluco a tentar arrastar as nossas malas. Pois com esta é a mesma coisa. Desta vez com muito mais equilíbrio. É vê-lo a andar de um lado para o outro a arrastar a sua malinha e a falar a sua incompreensível língua.

No elevador

Olho-me ao espelho e assusto-me. Camisa amarrotada, colar fora do sítio, nódoas diversas. Ir trabalhar com a farda de estar com o filho mais do que duas horas seguidas não é, definitivamente, uma boa ideia.

Take 2

Quando cheguei, apressadissima e em cima da hora (já devia contar com a hora de atraso habitual dos médicos), estava no refeitório, com um ar visivelmente choroso, encostado à janela. A auxiliar viu-me primeiro e pegou nele ao colo. Quando se apercebeu da minha presença retoma o choro desesperado. Devia ter calor, sono e fome. Os outros lá estavam com um ar assarapantado. Trouxe-o para casa atracado no meu colo e mesmo depois de comer e alguma brincadeira, ainda soluçava.
A ver como corre amanhã.
Dias duros estes.

Ontem

Por vontade da Inês, a prima mais adorada, já lá ficava a auxiliar as auxiliares a cuidar dos bebés. Tem jeito o raio da miuda!

segunda-feira, setembro 03, 2007

Estava aqui a pensar

Custou-me deixá-lo lá, mas seria incapaz de fazer o que estava a fazer uma mãe quando lá chegámos: lavada em lágrimas e o filho, igualmente lavado em lágrimas, a ver. Mostrar segurança, assegurarmo-nos de que nos despedimos e não desaparecemos de repente, num adeus firme. Não demorámos muito a ir embora, assim que decidimos fazê-lo (estávamos na dúvida se não iriamos apenas visitar a escola com ele). Acho que foi melhor para ele. Claro que as imagens dele a chorar pela mamã e pelo papá me atormentaram o tempo que ele lá esteve, mas apesar disso não chorei (ter-me-ei tornado mais insensível?).
Na verdade, ter passado por isto com a Inês duma forma um pouco mais ligeira, vai fazer para aí nove anos, parece que me ajudou a ganhar alguns anticorpos: da necessidade de sermos fortes, para que lhe transmitamos a mensagem certa; de não arrastarmos as despedidas, de sabermos cá dentro que se vai habituar e gostar. Ou pelo menos assim espero.
Além do mais, o que tem de ser tem muita força. E esta é, saberá quem me conhece, uma punch line que me é muio cara...

Balanço do primeiro (mini)dia de escola

Chorou, claro. Mas não demasiadamente. Esteve lá cerca de uma hora e pouco praticamente sempre ao cólo das auxiliares. Surpreendentemente não era uma sala cheia de gritos e meninos desesperados. Choravam à vez, pareceu-nos. Quando chegámos ficámos por lá a brincar um bocado, e aí já parecia o meu Lourenço. Ria, brincava, corria... Veio para casa pela mão, muito contente (por se vir embora suponho).
Gostei de ver a escola aberta aos pais, da liberdade de cada um fazer a adaptação ao seu gosto. Da simpatia de todos.
Amanhã ficará mais um pouco.

Está lá

Agora. A quinhentos metros de nós a fazer a «adaptação» à creche. E nós aqui à espera da hora mínima razoável para o ir buscar. Deve estar a chorar, sem perceber porque o deixámos ali. A bem dizer, nem eu sei bem porque o deixámos ali.