quinta-feira, julho 27, 2006

Aprendizagens (2)

Cada dia há novas «proezas» a registar. Aprendidas durante o sono, só pode, porque nunca o tinha visto sequer a ensaiar tais manobras. A proeza de hoje chama-se sincronia, ou seja, conseguir fazer várias habilidades ao mesmo tempo. Estar de barriga para baixo e agitar um dos braços e palrar simultaneamente. Desvirar-se com uma facilidade nunca vista em todas as direcções. E, por último, chuchar, palrar e gargalhar ao colo para encanto dos pais.

Foi, de certeza, para nos consolar da noite passada a caminho do berço.

Sinfonia (cada vez menos ) silenciosa

Quando agita os braços, e fá-lo com cada vez mais convicção, o meu bebé parece um pequeno maestro, muito inspirado pela música que orquestra.

quarta-feira, julho 26, 2006

Contra factos não há argumentos ( ou isto não é só um baby blog)

Sei fazer de quase tudo na cozinha mas, após anos de tentativas, assumo: não consigo fazer maionese.

Traços de carácter

Suspeito que o Lourenço será do tipo observador silencioso. Como o pai, aliás. Fica muito atento a ouvir as pessoas a falar e mantem-se assim a olhar, quase sem nos apercebermos dele, enquanto duram as conversas. Por um lado, ainda bem, não sei quantos tagarelas um só agregado doméstico consegue suportar.

Há um ano

Ele já existia. Nós é que ainda não sabíamos.

Aprendizagens


Os olhos fixam o objecto e as mãos esforçam-se aficandamente para o atingir e agarrar. Distrai-se bastante tempo com os bonecos. «Conversa» com eles. Gosta particularmente dos que a Família Silva deu. Tanto que não raras vezes o encontramos camuflado pelos bonecos, de tanto que os puxa para junto de si (da boca, para ser mais precisa) com afinco e entusiasmo.

segunda-feira, julho 24, 2006

Colos

Especialmente doces.
(com um mês e meio)

Crescer




Ele cresce a passos largos. Basta observar que o espaço que sobra à volta dele no berço é cada vez menor. De pequeno lilliputiano a Gulliver. Em três tempos lá teremos de fazer um upgrade na cama.

Do outro lado do atlântico


Chegam-nos sempre verdadeiras pérolas, plenas de ternura, sensibilidade e muita saudade.

quinta-feira, julho 20, 2006

Às quartas

É dia de avó. Ela chega pela hora de almoço, afogueada, já depois de uma primeira incursão nos supermercados do bairro (que ela acha fantásticos) a comprar coisas que a bisavó encomendou. (A minha avó de 91 anos pensa que a minha mãe de 67, como é mais nova, pode carregar com quilos de compras...). Vem cheia de saudades do netinho. Acha que já não vai «acompanhar» mais nenhum. Palerma.
Fica com ele enquanto vou à ginástica. Diz sempre que se divertiram muito. Acredito. Até hoje correu tudo bem. Confio em absoluto nela, ou não tivesse sido mãe de seis (diz que tinha sempre saudades de ter bebés pequeninos). Até aqui tudo óptimo. O que me intriga é a falta de objectividade com que aprecia as evoluções do Lourenço. Se a ouvirmos falar dele concluímos, por exemplo, que ele já diz (quase, quase) mãe. Já sabe pedir mais música (???). E até já percebe a brincadeira do cucu. Um pequeno génio portanto. Por muito que observe (e já se sabe como são os olhos de mãe) não vejo nada disso. Tenho esperança de que venha a ser muito esperto, mas por enquanto é um bebé de três meses com tudo no lugar. Concluo que pior que olhos de mãe, são os olhos (desta) avó. Vêem tudo meio distorcido, neste caso, um bocado ampliado...
Em tudo na vida, a minha mãe lembra um personagem de uma sit-com.

quarta-feira, julho 19, 2006

Há coisas que não obedecem a qualquer lógica

Os tamanhos das roupas dos bebés, por exemplo.

As noites

Passam-se em vigília estranha. Dorme-se profundamente e acorda-se de repente. Com o passar das semanas, já não me levanto de um salto. Adormeço frequentemente a dar de mamar. Confundo os barulhos dos sonhos com os da vida real. De noite tudo se torna difuso e dou por mim a pensar no que é que se passa, se já terei deitado o bebé, apalpando em volta à procura dele. Dou graças porque basta pô-lo na cama para que volte a adormecer e estranho quando volto lá e o vejo numa posição diferente. Esqueço-me de que ele pode ter rabujado e o pai foi lá virá-lo. Aliás nem dei por nada. Na verdade, só quero é dormir.

Ginásticas

Parei um mês e meio entre o final da ginástica pré-parto e o início da pós-parto.Tempo de nascer o bebé e recompor a costura. Fiz um pouco de yoga e hidroginastica antes, e agora faço aulas de recuperação (de corpo e mente). Tenho, no entanto saudades da piscina. Nada me soube tão bem como iludir o peso por uma hora, dentro de água, duas vezes por semana. Mesmo com frio e a chover lá fora.

Gosto muito

Da chuva que nos refresca a casa e nos deixa dormir a todos mais descansados.

Memorabilia

A primeira gargalhada. Ontem, antes do banho.

segunda-feira, julho 17, 2006

Adoro estar com ele...

...mas não me sinto culpada por gostar de estar sem ele na ginástica. Faço a aula sem interrupções, esmero-me nos exercícios. Quando saio não sinto necessidade de voltar a correr para casa. Gosto de tomar banho calmamente e conversar com as colegas. Também gosto de regressar a casa e sentir a saudade de bebé saciada.
Sei que me vai custar voltar ao trabalho, por estar mais tempo longe dele, mas também porque trabalhar é chato e eu preferia mil vezes ser rica e não ter de trabalhar. Por outro lado, tenho saudades do convívio com os amigos\colegas com quem partilho o quotidiano de trabalho.
Eu sou feliz nestes lugares todos. Com e sem ele. Com a vinda do bebé não sinto que queira coisas diferentes da vida, quero as mesmas e umas outras novas talvez. Quero tudo, se calhar... E tudo, temo muitas vezes, não sei se será possível. Aguardemos.

Não vamos baptizar o Lourenço...
















...mas ele tem uma madrinha espectacular!

Foi há tão pouco tempo e já tenho saudades.

1ª foto
(a chuchar no dedo, instantes depois de ter nascido)

Vacinas, take 3

Admiro muito quem faz de dar vacinas actividade quotidiana.
O Lourenço é um valentão, chorou sentido uns instantes, adormeceu ao colo logo a seguir.

Na penumbra...



dorme-se bem.

Os nossos fins de semana

Passam-se na companhia dos amigos, aqui e ali. Por estes dias mais à sombra que ao sol. Há bebés cá fora e mais a caminho. Somos uma grande família, para além da família propriamente dita. Amigos que também são irmãos. E que por isso também são tios. E filhos que se tornam sobrinhos. Hão-de conviver como primos, espero eu. Assim é que tudo faz sentido.

Agora somos...


... uma família!
(não resisti, confesso)

sexta-feira, julho 14, 2006

Agruras da maternidade

Há agruras nesta coisa de ter bebés, sim senhora. Vou elencar algumas:

1. Queimar as pontas dos dedos cada vez que lavo as chuchas com àgua da chaleira.

2. Faltar à bem amada ginástica que nos devolve a forma apenas porque o bebé corre o risco de derreter.

3. Dormir menos horas do que as que gostaria. Ou acorda a criança ou me acordam as maminhas.

(continua)

Estou numa indecisão...

Vou à ginástica, não vou, vou à ginástica, não vou...

Batatinhas, mais este calor!

Amiga do peito...


...embala o bebé.

quinta-feira, julho 13, 2006

A escolha de um pediatra tem muito que se lhe diga!

Por mais voltas que dê e justificações racionais que arranje fiz uma escolha pelo coração. E por um apelido. O pai não colocou qualquer obstáculo. A minha pediatra, a tia Lourdes, já não dá consultas (ainda foi a pediatra dos meus sobrinhos) pelo que a escolha natural foi pela sobrinha, uma senhora de olhos azuis francos e sorriso fácil. Conquistou-me à primeira. À semelhança da tia, acredita muito no bom senso dos pais como o melhor guia na educação dos bebés. E sabe que a vida moderna não se coaduna com radicalismos, nem retóricas patetas sobre a maternidade, que penalizam muito algumas mães. Por isso diz muitas vezes «Veja como correm as coisas e faça como achar melhor!». Os bebés precisam de mães felizes e bem dispostas.
Ela escuta, como dizia uma amiga, as necessidades de cada bebé, adaptando os procedimentos. E não é surda, acrescento eu, às necessidades de cada mãe também. Por tudo isto, estou convicta de que fizemos a escolha certa.

quarta-feira, julho 12, 2006

Não se irrita com muitos estímulos...

... mas irrita-se com muito calor.
Os estímulos evitam-se, já o Verão é mais difícil.

Gravidez (1)

Ao recordar o parto, lembrei-me da gravidez. Foi um enamoramento. Mas, ao contrário de muitas mulheres, que se afirmam apaixonadas pelo bebé na barriga, eu senti-me mais enamorada pelo pai do bebé. O namoro com o bebé começou a sério quando chorou pela primeira vez. Aí deixou de ser uma barriga (e eu adorei a barriga, atenção), para ser uma pessoa pequenina. A minha pessoa pequenina (ainda me arrepio ao pensar nisso).

terça-feira, julho 11, 2006

Há três meses...

...e uns dias, ou seja no dia 9 de Abril, preparámos tudo em casa e saímos. Fomos ao Vasco da Gama ver de uns sapatos e comprar revistas e depois fomos comer uma pizza. Imaginava um longo jejum. Nada melhor que uma pizza à beira rio para fazer um dia especial. Era um dia importante, o último a dois.
O parto seria induzido essa noite. Razões? Aparentemente um ctg a dar alguns sinais de enfraquecimento da placenta e a Pascoa demasiado perto. Suponho que o médico não lhe apetecia estragar as mini-férias. A mim não me importou. O dia 10 é um dia bonito e já estava cansada e ansiosa.
Feito o chek-in, ligado o ctg, fiocámos à espera de uma tal enfermeira para pôr uma tal de fita. O médico viria pela manhã. Ela disse que estava tudo muito fechado e que me esperavam longas horas... Assim foi. Uma noite em claro, descconfortável, à espera das contracções. Que chegaram de mansinho. Não me perguntem de quanto em quanto tempo, nem a que horas especificamente. As recordações daquele dia são nebulosas. De manhã veio o médico que fez o toque (subi pelas paredes) e me disse estar muito atrasado e que ia experimentar induzir mais uma vez com o tal gel. As dores eram suportáveis, mas a partir daí intensificaram-se. Agoniei-me, senti cólicas terríveis. Um mal estar enorme. Não sei durante quanto tempo, porque quando ele voltou lá e fez segundo toque (mais uma parede subida) disse que ele continuava muito em cima e tal, e que um trabalho de parto prolongado não me garantia um parto normal. Sugeriu a cesariana para daí a meia hora (acho eu). Aí sinto que fraquejei. Acenaram-me com uma solução rápida e fácil. E as dores já eram tantas que não me imaginei a passar muitas horas daquilo. Sinto, hoje, que podia ter insistido. O pai, sempre comigo, concordou. E lá fiquei a aguardar que me viessem buscar, quietinha, e de olhos fechados a sentir as contracções a ir e vir. Vieram finalmente buscar-me e ao separar-me do pai no final do corredor, chorei. Senti-me muito sozinha, no meio daquele aparato todo. E fria. Estava tanto frio lá na sala de partos! O médico ao chegar deve ter percebido o meu beicinho, porque me fez uma festinha que não vou esquecer. Fez toda a diferença ter ali o meu médico naquele momento. A partir daí as coisas ficaram ainda mais nebulosas, suponho que por causa de um medicamento para evitar mais vómitos. Sei que o anestesista era libanês (ou seria sírio?) e que gracejou com as minhas origens gregas. Senti as pernas a desaparecer e o médico a mexer e a puxar. Virei a cara para não ver o reflexo do que faziam num vidro de um armário. O médico diz qualquer coisa como «A tentativa era honesta, mas ele estava mesmo muito subido!» e «Eh lá! Este é moreninho». E falavam muito todos. Mas não comigo. De repente ouço chorar. Era ele! Aí sim, emocionei-me. É sem dúvida uma sensação indescritível. Trouxeram-mo ao meu lado e eu achei que tinha muito cabelo e a cara quadrada. Não vi mais nada. Ouvi-o a chorar ao longe. Presumo que continuaram o serviço. A mim só queria que me deixassem em paz. Talvez me apetecesse dormir um pouco. Mas não. Mexe e remexe, põe daqui, passa para ali. Nesses intantes só pensava «E agora? O que é que eu faço? Agora é a sério. Serei capaz de tratar dele? De cuidar dele?». Levaram-me para o recobro, onde percebi que o iam levar logo logo e onde também estavam os pais. Alguém dizia que o meu homem chorava que nem uma madalena, sorri. Fiquei à espera que viessem os meus amores. Estupidamente feliz.

Aviso à navegação!

Enquanto o Lourenço dorme esparramado na minha cama (e eu devia aproveitar esse tempinho para trabalhar) vou fazer um anúncio. Este blogue é assumidamente desinteressante e talvez um pouco pateta. Fala de pais e filhos bebés, amigos e família, ou seja, quotididianos particulares e vulgares. Fala de amor e toda a gente sabe que quando se «escreve» amor corre-se um risco elevado de ser um pouco ridículo. A somar a isto não me considero nenhuma artista da prosa, donde é de prever que não produza tiradas brilhantes e originais. Não sou séria, nem me levo particularmente a sério. A verdade é que gosto muito do meu bebé e apetece-me falar sobre ele. Só isso.

Três meses...

...de um bebé relativamente calmo, poucas birras, sonos fáceis e sorrisos a rodos. Não se irrita demasiado com muitos estímulos, o que nos permite leva-lo para onde queremos ir. Já foi a museus, casas de amigos, restaurantes sem fumo, e uma vez à praia. Começa a querer agarrar os bonecos e noto que se irrita quando não lhes consegue chegar. Vai daí a espreguiçadeira é preferível à cama. Muito atento a tudo e a todos emite uns deliciosos sons, como que a imitar as palhaçadas indescritíveis que fazemos a toda a hora à espera das reacções. O banho é um clássico momento de lazer para os bebés. Este não é excepção... Adora! Faz tudo o que os bebés de três meses devem fazer: põe as mãos na boca, baba-se q.b. e desvira-se. Deve fazer outras coisas, só que agora não me lembro.

(É espantoso como tudo gira à volta das reacções de uma amostra de gente. Já não me lembro como era antes dele. Era bom, que eu não sou daquelas que renego a minha vida passada, embora fosse talvez um pouco menos cheia do que agora. Porque se agora há uma sensação de completude, é porque dantes a vida só podia ser menos cheia.)

O primeiro post

Este é um blogue para evitar o esquecimento e contornar a preguiça. Parece que pegar numa caneta e escrever um diário não é de todo uma tarefa para mim. Abandonei-a ao fim de um mês. O teclado é bem mais prático e apelativo. Aqui ficarão registadas notas, pensamentos, acontecimentos e afins sobre o Lourenço, nascido fez ontem três meses. Para que ele possa mais tarde acompanhar o seu crescimento e saber de si em pequenino. Eu não tenho memórias nem registos e tenho pena. São tempos felizes que valerá a pena, espero, recordar...